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Cancelei minha viagem por causa da pandemia do Covid-19, e agora?

Last Updated on 7 de junho de 2020 by @thaiskw

Desde fevereiro, nós viajantes tivemos que aprender a lidar com uma coisa inédita (pelo menos na nossa geração): a impossibilidade de viajar para praticamente qualquer lugar do mundo, com fronteiras fechadas e um vírus se alastrando rapidamente. Eu cancelei minha viagem para o Japão dois dias antes da data de embarque e esperava um prejuízo gigante, o que não aconteceu e vou contar como foi cada cancelamento nesse post.

No Instagram contei tudo (e deixei nos destaques) no dia que tomamos a decisão de adiar a viagem. Depois disso, tudo mudou tão rápido que cancelar uma viagem ficou parecendo algo muito pequeno diante de tudo o que estava acontecendo no mundo e por isso fiquei um tempo refletindo e não postando mais nada sobre como fui resolvendo da minha. Mas agora, vou contar aqui como aconteceu com cada reserva que tínhamos e no final do post vou deixar um link pra planilha que usei para me organizar e ajudou com que tudo ficasse mais fácil.

A viagem seria dia 15/03 pelos Estados Unidos. No dia 11 de março a OMS declarou a situação de pandemia com o novo Coronavírus. Isso significa que tínhamos (temos ainda né) uma doença infecciosa sendo transmitida em vários lugares do mundo ao mesmo tempo. Isso muda algumas coisas para os turistas, que vou explicando um pouco abaixo. Mas também nos assustou um pouco mais e começamos a cogitar o cancelamento de fato.

Passagens aéreas

Nossas passagens era pela United Airlines, que já havia divulgado alguns dias antes que seria flexível que quem tivesse passagens entre março e abril poderia fazer a remarcação sem custo. Então, dia 13/03, depois de muito tempo esperando na linha (afinal eram muitas pessoas nessa situação), fomos atendidos e deixamos nossa passagem em aberto. O que era inicialmente para ser usada dentro de um ano, alguns meses depois avisaram que poderíamos usar dentro de dois anos. A despesa que era a maior sozinha, estava resolvida.

Nossa situação foi relativamente fácil de ser resolvida pois dessa vez tínhamos comprado as passagens direto com a companhia aérea. Conversei com algumas pessoas que tinham comprado pela Decolar ou outros intermediários e por causa do alto volume de ligações, estavam com dificuldade em serem atendidos e resolver o problema. Elas me relataram que nesse caso, também entraram em contato direto com a companhia e conseguiram resolver.

Seguro saúde

Eu sempre digo pra você nunca viajar sem seguro viagem, independente de pandemia. Ainda que todos tivéssemos cartões de crédito com seguro, estávamos inseguros diante de toda a situação, por isso fizemos um extra com maior cobertura. Foi um dos últimos serviços que contratamos, por isso sabíamos que a condição era cancelar um dia útil antes do dia do embarque, que seria na sexta-feira dia 13/03. Fizemos isso e fomos reembolsados com 100% do valor.

Importante destacar aqui que quando existe uma situação de pandemia, os seguros viagem param de valer para a doença da pandemia. Isso está na apólice/contrato da maioria deles. Quando liguei pra entender, nos explicaram que o primeiro atendimento é garantido, por exemplo se você estiver com sintomas e procurar atendimento médico. Mas se você for diagnosticado com a doença (nesse caso o corona), os atendimentos a partir daí não seriam cobertos. Para todas as outras doenças/intercorrências a cobertura seguiria normal.

Algumas seguradoras porém, avisaram que manteriam as coberturas relacionadas ao coronavírus, mesmo que o contrato dissesse o contrário e essas são as que eu vou priorizar nas próximas vezes em que eu precisar contratar uma (a minha não era uma delas).

Reservas no Booking sem cancelamento grátis

Na grande maioria das vezes eu prefiro o cancelamento grátis, no caso de achar outra coisa melhor/mais barata etc. Porém, como alguns tinham uma diferença grande de valor e foram contratadas pouco mais de um mês da viagem, acabei contratando um sem cancelamento grátis, com pagamento na hora. Como não consegui contato com o Booking, tentei falar direto com o hotel, que foi super compreensivo e disse que não cobraria e que devíamos ficar tranquilos caso o Booking não respondesse. Esse com certeza vai ser o nosso hotel de novo quando pudermos ir <3.

Fora essa, eu tinha também uma com cancelamento grátis, mas com pré-pagamento. Demorou um tempo, mas o valor foi reembolsado.

Reservas pela Hoteis.com sem cancelamento grátis

Já as reservas feitas pela Hoteis.com foram um pouco mais difíceis. Não consegui contato com eles e tentei novamente direto com o hotel. Um era um Ibis, que disse que como a reserva tinha feito por um intermediário, era para eu aguardar uma resposta deles. O outro foi um ryokan (tipo de hospedagem típica japonesa que inclui também o café da manhã e jantar, e por isso, um valor bem mais alto do que a hospedagem normal). O ryokan não teve negociação e disse que não devolveria o dinheiro. Um tempo depois recebi um e-mail da Hoteis.com dizendo que estavam priorizando as reservas das 72h seguintes e quando chegasse minha vez, eu receberia um e-mail. Recebi para a reserva do Ibis e conseguimos cancelar pelo site sem cobranças, mas do ryokan nunca recebi, ou seja, até agora esse foi o meu único prejuízo da viagem, de cerca de R$ 500 por pessoa.

Reserva pelo AirBnb

Essa já tinha alguma flexibilidade no cancelamento e diante da situação o próprio Airbnb se pronunciou e colocou algumas reservas como situação de força maior. Tinha um link que eu poderia cancelar sem nenhum prejuízo e assim fizemos, também recebi o reembolso no mesmo mês.

Japan Rail Pass

O Japan Rail Pass é o passe para andar nas linhas do trem-bala pelo país. Para turistas, ele deve ser comprado antes de chegar no Japão e os pacotes são de 7, 14 e 21 dias. Os valores são bem salgados, nós compramos o de 14 dias e custou U$ 430, que em reais foi mais de R$ 2000. Depois da compra, você tem 3 meses para começar a usar. Em condições normais esse passe não é reembolsável, por isso compramos por último, já que o receio de ter que cancelar tudo sempre esteve presente. No fim, com muita sorte, achamos uma agência em Curitiba que nos informou que caso precisássemos cancelar, tinha uma política de 15% de multa, o que era nossa melhor opção. Compramos e recebemos uma semana antes do embarque. Quando cancelamos e tudo sobre a pandemia piorou, o próprio JR anunciou que reembolsaria 100% dos valores pagos.

Pocket Wifi

No Japão é mais barato alugar um aparelhinho de wifi portátil do que comprar chip para o celular. Eu tinha feito nossa reserva e assim que soube, mandei e-mail cancelando. Também foram super queridos e compreensivos e me reembolsaram em seguida.

Passeios

Para quase nenhum dos passeios que faríamos tinha a necessidade de comprar entradas com antecedência. Iríamos comprar só para a Disney Tóquio, mas como ela anunciou o fechamento quase um mês antes de irmos, então nem chegamos a comprar. A previsão pra reabertura era em abril e eu achava que teria uma chance de ir nos nossos últimos dias (mal sabia eu), mas mesmo assim, tinha resolvido deixar pra comprar em cima da hora.

Situação de cada país

Na época, no início de março em que não tínhamos fronteiras fechadas e nenhuma restrição quanto a entrada de brasileiros na maioria dos países, incluindo Estados Unidos e Japão, era indicado que você avaliasse a situação do seu país de destino antes de decidir ou não continuar com a viagem. Hoje esse tipo de recomendação nem faz mais sentido. Mas, na época, o Japão tinha cerca de 800 casos confirmados, além de cerca de 300 do navio de cruzeiros. O país não havia declarado situação de emergência e com a exceção da Disney e de alguns museus, a maioria das atrações continuava aberta. Eu também tentava me tranquilizar no fato cultural de que o japonês já usava máscara com resfriados comuns e tinha uma etiqueta respiratória diferente da nossa. O que também acho que ajudou para que a doença não se espalhasse ainda mais lá.

Ao mesmo tempo, não queria que a minha primeira viagem para lá fosse marcada pelo medo de ficar doente ou pior ainda, ficar espalhando o vírus para outras pessoas por aí. Além da liberdade de não nos preocupar com onde encostamos, comer nas ruas, andar mascarados… Na semana anterior o sentimento era mais de preocupação do que de ansiedade feliz, então foi uma decisão bem pensada. Nos dias que estaríamos lá, o consulado do Brasil no Japão emitiu um comunicado mandando os brasileiros voltarem imediatamente para casa  e as companhias aéreas cancelaram quase todos os voos para o Brasil. Ou seja, evitamos um perrengue imenso no meio da viagem.

Checklist

Eu não sou muito organizada na vida, mas para as minhas viagens eu sou um pouco, especialmente quando é com mais pessoas. Eu amo fazer roteiros e sempre fico com essa tarefa pra mim, de arrumar tudo, ir pagando e decidindo. Além de um arquivo com o roteiro detalhado, temos também uma planilha colaborativa com checklist, dia a dia da viagem e despesas, quem pagou o que, etc. A gente nunca esperava passar por uma situação assim e o checklist não foi feito pensando na possibilidade de ter tudo cancelado, mas foi o que nos salvou para que tudo não virasse uma completa bagunça. Adaptei aqui e vou deixar disponível aqui para quem quiser baixar 😉 (Minha primeira Landing Page no MailChimp, me deem um desconto, kkk)

Se vocês tiverem dúvidas é só me perguntar, vai ser um prazer ajudar se eu souber.

Caso você também tenha cancelado/adiado a sua viagem, me conta aqui como está sendo, se conseguiu os reembolsos ou deixar em aberto?

A viagem não foi cancelada, ela foi adiada e vai acontecer assim que for possível e recomendável viajar em segurança. Quer acompanhar? Me segue no Instagram que vou mostrando tudo por lá!

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