Chiang Mai

Elephant Nature Park – Um dia com elefantes em Chiang Mai, na Tailândia

Passeios envolvendo animais é sempre foi um assunto sensível pra mim. O elefante é símbolo da Tailândia e quando a viagem se confirmou, fui pesquisar mais a fundo sobre os santuários e comecei a entender um pouco a realidade dos animais por lá. Aprendi por exemplo, que montar nos elefante não é bom para eles, então isso já mostra um pouco sobre a seriedade do local que você escolher. Em meio a muita pesquisa, achamos nessa viagem um local que cuida dos animais e trata os elefantes com respeito, o Elephant Nature Park, em Chiang Mai.

[Confira aqui o post com informações da Tailândia, nosso roteiro de 15 dias na Ásia, nossos dias em Koh Samui, a visita no Templo Branco e nossa viagem pro Camboja].

A realidade dos elefantes na Tailândia

Por milhares de anos os elefantes foram usados como transporte e força para puxar toras de madeira, mas desde 1989 essa prática foi proibida. Então, os donos de elefantes usam eles no turismo, pois alegam não ter como sustentar o animal de outra maneira. Mas, para serem treinados para atender o turista, eles são mal tratados e amarrados. Em alguns lugares você vai ver os mahouts (dono/treinador) deles com uma vara pontuda cutucando eles para que obedeçam. Você também vai encontrar quadros sendo vendidos como pintados por elefantes, quando na verdade é uma pessoa puxando a orelha do animal pra que ele siga os movimentos. Em vários lugares, como Ayutthaya e Angkor (no Camboja), eles ficam por horas andando pra lá e pra cá com turistas nas costas em cima de grades pesadas. Só o olhar deles já transmite tristeza. 🙁

Vimos esses em Ayutthaya, ficavam na entrada de um dos templos. 🙁

Depois que li sobre isso, estávamos meio que desistindo da ideia de visitar um santuário. Li vários relatos de pessoas que iam para um santuário esperando que fosse um lugar sério e ético, mas viam elefantes apanhando ou contavam que andaram nos elefantes.

Até que, em meio a essas pesquisas, li sobre o Elephant Nature Park, pertinho de Chiang Mai. Pesquisei e li sobre o que falavam sobre o local, achei reportagens e vi que parecia ser super sério, inclusive ganhando vários prêmios e reconhecimentos.

O Elephant Nature Park

Esse parque tem um trabalho muito legal de resgate de animais, especialmente elefantes, gatos e cachorros. Eles foram foi um dos primeiros santuários de resgate de elefantes da Tailândia e lideraram o movimento pelo fim dos shows e passeios no país.

Como os elefantes já foram tirados do seu habitat e domesticados, não podem simplesmente serem resgatados e devolvidos para a natureza. Aí que entra o trabalho do parque. Perguntamos como funciona o resgate, na minha imaginação eles iam lá e simplesmente tiravam o elefante do dono. Mas nossa guia explicou que eles precisam comprar o elefante par poder trazer para o parque e isso é muito caro, por isso eles conseguem resgatar muito poucos por ano. Ela falou o valor, mas não lembro, então não vou chutar pra não mentir. Ela também disse que quanto mais jovem, mais caro e os bebês, por terem um apelo turístico ainda maior, são ainda mais caros.

Tomando banho de lama, olha esse bebê que lindo!

Lá na Tailândia o que você mais vai ver são as agências oferecendo passeios em santuários (e outros passeios, como para ver tigres e etc). Esses passeios com animais eu não recomendo que você compre lá, pois você acaba não tendo tempo de pesquisar sobre o local. 

Para o Elephant Nature Park, é possível (e recomendado), fazer uma reserva com antecedência pelo site. Não é barato, pagamos cerca de R$ 250 por pessoa para um dia de visita. Tem várias opções bem mais baratas, mas elas não são confiáveis.

Na opção que compramos, na reserva pagamos cerca de R$ 100 pelo cartão de crédito e o restante pagamos chegando no parque, em dinheiro. Eles foram nos buscar por volta das 8h da manhã, já com a pessoa que vai te guiar o passeio inteiro. A nossa guia era a Yaah e éramos cerca de 10 pessoas com ela. Ela é uma tailandesa muito fofa e simpática, mas tínhamos um pouco de dificuldade pra entender o inglês dela, haha. A van pega todos nos hotéis faz uma parada rápida para banheiro e comida e cerca de uma hora depois, chegamos na reserva. E pelo caminho passamos por mais elefantes com turistas andando neles. :/

Nesse valor está incluso o transporte de ida e volta, a entrada no parque e o almoço lá.

Durante todo o caminho eles mostram vídeos que mostram a história que eu contei acima, sobre shows, passeios, treinamentos e maus tratos dos elefantes. Tem uma parte chocante que mostra o elefante sendo separado da mãe ainda bebê, onde eles fazem um “ritual” de quebra de alma, para que o bebê elefante obedeça o ser humano, deixando ele amarrado, passando fome e apanhando. São imagens bem fortes. 🙁

Chegando lá, nossa guia nos leva para a nossa mesa, que será nosso ponto de encontro. Lá podemos deixar nossas mochilas e é onde iremos almoçar. Tem cerca de 15 grupos e uma mesa para cada um. Ela nos mostra onde é o banheiro, loja e como vai funcionar no almoço.

Depois disso, vamos alimentar os elefantes. Eles ficam do lado de fora e nós em uma espécie de deck. Cada guia traz uma cesta com melancias, pepinos, abóboras etc e os elefante vem chegando, são vários. Eles nos ensinam a forma certa de entregar os alimentos, pois os elefantes podem errar a mira e puxar o braço e como eles tem muita força precisa ter cuidado. É muito engraçado, porque eles querem primeiro as frutas e quando dávamos o pepino eles jogavam pra trás, haha.

Dando comida, é muita fofuraaa!
Olha a quantidade de comida! 😮

Depois disso, nós vamos andar pelo parque. Os elefantes passam toda hora pela gente, mas não podemos chegar perto deles sem autorização. Hoje, a intenção é que eles vivam o mais livres possíveis, mas ainda tem a rotininha deles.

Os elefantes são super inteligentes, aprendem tudo muito rapidamente e também se apegam aos seres humanos que cuidam deles. Cada um deles no parque tinha seu próprio mahout, que acompanhava eles o tempo todo. Lá eles vivem em famílias por afinidade, com o filhote, a mãe e a nanny. A parte triste é que os machos adultos ficam isolados em outra área, pelo que entendi é porque eles são mais agressivos. No parque tinham só três machos adultos.

Várias vezes passamos por muitos búfalos que também são cuidados lá. Mas eles não fazem nada, só dá um medinho, haha. Não tinha entendido o resgate deles, mas em Koh Samu vimos arenas de lutas de búfalo, então imagino que seja por isso. Tem também centenas de gatos e cachorros de resgate das ruas. Alguns cachorros tem um lenço vermelho amarrado no pescoço, pois ainda estão aprendendo a se socializar, então pedem que a gente não mexa com eles. Os outros são super mansinhos e adoram carinho. <3

Nessa foto parecem poucos, mas eram centenas e andavam em grupos.
Um das centenas de cães resgatados que tem pelo parque. <3

Em alguns momentos paramos pra tirar fotos, todas sem flash e isso é bem importante. Lá tem uma elefante cega e a nossa guia disse que é por causa das luzes de picadeiro quando ela fazia shows e pelos flashs de fotos por muitos anos.

Não lembro o nome dessa elefante, mas ela tinha esse tumor. A guia disse que já tinham feitos exames e era benigno, por isso não vão tirar por enquanto.

Depois de caminharmos muito, foi a hora do almoço. É um buffet, todo vegetariano (o que faz sentido), e muito, mas muito gostoso. Eu que sofri com a comida na Tailândia (contei no post, haha), me senti no céu lá, sem frutos do mar e quase nenhuma comida apimentada.

Depois do almoço, fui dar uma volta na lojinha e em seguida fomos até o rio para dar banho no elefante. Eles levam uma cesta com bananas e o elefante fica de boas lá comendo enquanto a gente joga água com baldinho neles. Quando acabam as bananas, ele sai andando. Isso que achei legal, lá o elefante não é obrigado a nada para satisfazer os turistas, mas eles criam esses momentos de interação que não afetam o dia a dia dos animais.

Atualização: Li um post do parque que agora em 2019 eles tiraram essa parte do banho. Apesar de ser muito legal, entendo que é muito legal para nós e pode não ser tanto para o elefante, então super entendo essa decisão e continuo achando o parque uma visita super legal na sua visita em Chiang Mai. <3

A hora do banho na Pikun, foi muito legal!
E depois ele já vai pro banho de lama dele, ficou um tempão. Não parece que ele está sorrindo? Fofo! <3

 

Esse ficou muito tempo de coçando! Vou fazer um vídeo com os melhores momentos do passeio e com certeza esse entra, haha

Quando acaba o banho, eles vão caminhando direto pra uma poça de lama e ficam lá jogando barro pro alto. Estávamos assistindo um e ele começou a joga lama nas pessoas. É lindo como eles parecem felizes e contrasta com os que vimos sendo montados no calor de Ayutthaya.

No parque tem alguns filhotes e nós não podemos nos aproximar deles, só observar de longe. Andamos muito pelo parque e eles passam pela gente toda hora, é surreal! Aprendemos muito sobre eles, seus hábitos e ouvimos sobre o passado de alguns. É triste e emocionante, e é bom saber que hoje eles são bem cuidados.

Olha esse filhotinho indo chegando perto pra comida.
Eles passeando no rio

Então, por volta das 16h, voltamos à Chiang Mai, sujos e felizes pelo dia no parque. A guia acompanha a gente até a volta para o hotel e o tempo todo é o mesmo grupo.

Ah, outra dica importante: leve protetor solar, repelente e chinelo. Eu fui de tênis e levei chinelo na mochila que troquei na hora do almoço, por causa da parte no rio.

Fora o tipo de passeio que fizemos, tem várias outras opções no site, inclusive meio dia (que é o mesmo preço que o dia todo), voluntariado e opções em outras regiões da Tailândia e Camboja. Vimos voluntários brasileiros por lá e quando eu voltar para a Ásia, considero sim uma temporada trabalhando com eles. 🙂

Olha a Raboo linda que eu contei a história embaixo. Me apaixonei por ela!

A Raboo da foto acima, foi a elefanta mais linda e fofa que eu já vi na vida. Ela infelizmente fica separada dos outros por causa do tratamento na patinha dela. A nossa guia disse que antes de ela ser resgatada, caiu um tronco de árvore e quebrou, desde então é torta e por isso a unha dela também não cresce direito. E como ela joga o peso todo pra outra pata, também está ficando prejudicada. Então eles estão tentando tratar as patinhas, que estão infeccionando e por isso ela só passeia pelo parque com os mahouts, mas por enquanto não pode ficar livre como os outros. E normalmente não podemos ficar assim na tromba deles, mas ela deixaram porque é muito, muito dócil. A guia disse que quando chegou, ela nem sabia comer pela tromba, teve que ser ensinada. Ela abaixava a cabeça e acenou com a tromba quando falamos tchau. Como não amar? #saudaderaboo

O parque se mantém com esses passeios, doações para o Save Elephant Foundation, vendas na lojinha e ajuda de voluntários. No final do passeio nossa guia disse que o valor que pagamos para essa visita ajuda diretamente na compra de alimentos e remédios para os animais resgatados. E que se precisa de uma quantidade muito grande e algumas vezes muito cara de remédio, pois a dosagem deles é muito alta e se não fosse por esses passeios, eles não conseguiriam pagar. Eles já ganharam várias premiações e reconhecimentos pelo trabalho realizado por aqui.

Esse foi um dos dias mais diferentes da viagem e com certeza será inesquecível. Eu já amava esses animais e agora gosto ainda mais. São tão dóceis e inteligentes que não tem como não se apaixonar.

Vou fazer um post sobre nossos dias em Chiang Mai, mas já adianto que amamos o hotel que nos hospedamos (e não é publipost). Ficamos no BED Phrasing, hotel lindo, com bom preço e de atendimento excelente, inclusive com uma brasileira que trabalha lá e nos deu várias dicas. Selo Viajapinha de aprovação, haha.

O Viajapinha é parceiro do Booking, por isso, ao fazer a reserva da sua hospedagem por um de nossos links, você me ajuda a manter o blog, pois ganhamos uma pequena comissão, e você não paga a mais por isso:

@thaiskw

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