Last Updated on 2 de agosto de 2017 by @thaiskw
Nessa primeira viagem ao Sudeste Asiático, além da Tailândia também fomos à Siem Reap, no Camboja, principalmente para visitar os templos de Angkor. Confesso que até decidir ir para lá, eu sabia muito pouco sobre o país, mas ao estudar (e também ler um livro que comprei lá), me impressionei muito com a história recente deles, que passaram por uma guerra há bem pouco tempo. Nesse post vou contar um pouquinho sobre o que aprendi por lá, principalmente sobre Siem Reap e o passeio no complexo de Angkor, moeda, clima, onde se hospedar etc. 😉
[Confira aqui o roteiro dos 15 dias no Sudeste Asiático]
O Camboja
O Camboja é um país que faz fronteira com a Tailândia, Laos e Vietnã. O clima é sempre quente (muito quente, aliás), mas tem uma estação bem chuvosa, das monções, que pode dar alagamentos. Essa estação chuvosa por um acaso é entre os meses de junho e setembro. Fomos em junho, mas não pegamos nenhum dia de chuva. Já o calor, foi um dos maiores que já passei na vida!
A capital do país é Phnom Penh, mas nós fomos para Siem Reap (320km da capital), pois lá que fica o Complexo de Angkor, ruína do maior monumento religioso do mundo e que depois vou contar mais. Queríamos ter ido para outras cidades, mas só tínhamos 3 dias, o que pra Siem Reap é suficiente. De Bangkok deu menos de uma hora de voo.
O país foi colônia da Indochina e ficou independente somente em 1953. Na década de 60, foi base do Vietnã do Norte na guerra e por isso sofreu ataques dos Estados Unidos. Em 1970 o general Lon Nol depõe o príncipe e acaba com a monarquia, enquanto o Khmer Vermelho, partido comunista, ganha força. É aqui que começa a parte mais triste de toda a história do Camboja, mas muito importante conhecer para entender um pouco sobre a realidade do país:
Muito do que vou contar aqui, aprendi lendo um livro que comprei no Museu da Guerra, já lá em Siem Reap. Eu havia feito a lição e lido sobre, mas só chegando lá e lendo é que tive noção de como tudo aconteceu.
O livro, First they killed my father é contado por Loung Ung, que tinha 5 anos na época em que essa guerra começou. Esse livro virou filme dirigido pela Angelina Jolie, vai estrear na Netflix em setembro. Foi um dos mais chocantes que já li, é muito triste pensar em tudo o que aconteceu e tão recente na nossa história (e nem eu, nem boa parte do mundo, nunca tinha ouvido falar!).
O general Pol Pot, do regime do Khmer Vermelho, marcou um período de horror e matança no Camboja entre os anos de 1975 e 1979. Em 1975, o exército dele tomou o país, passou a chama-lo de Kampuchea Democrático, e evacuou e destruiu as cidades, mandando todas as pessoas para o campo. A intenção dele era que o Camboja se tornasse um país comunista e agrário. O dinheiro foi abolido, o budismo proibido e tudo foi colocado como propriedade do estado. Quem era suspeito de ter alguma relação com o governo anterior ou suspeitos de traição, eram mortos em público ou torturados. Eles também matavam pessoas que tinham profissões “intelectuais” ou estudavam. No livro, ela conta que eles eram de uma família de classe média e estudavam em bons colégios antes da guerra, mas precisavam fingir que não sabiam nada e que sempre viveram no campo, pois podiam ser mortos. Famílias foram separadas e crianças eram treinadas para que fossem soldados. As pessoas eram obrigadas a trabalhar por muitas horas no campo, no calor que beirava o insuportável. Muitos morreram de fome e outras doenças, pois trabalhavam à exaustão, e mesmo doentes e não havia atendimento médico. No livro tem uma parte que ela conta que um homem, para não morrer de fome, mata o cachorro para comer a carne. Em seguida, ele foi morto pelos soldados, pois a carne do cachorro não era dele e sim do estado.
A guerra só acabou em 1979 com a invasão do Vietnã, mas até então, mais de dois milhões de cambojanos foram assassinados. O Vietnã ficou no país por 10 anos e somente em 1991 a democracia foi estabelecida. O Khmer Vermelho tentou resistir e somente anos depois começaram a desertar. Pol Pot foi abrigado na Tailândia, morreu em 1998 e nunca foi julgado pelo genocídio que cometeu.
As marcas dessa guerra podem ser vistas até hoje no país. Siem Reap é uma cidade que vive do turismo, então imagino que seja uma cidade com um pouco mais de estrutura e dinheiro que as demais. Ainda assim, é visivelmente muito pobre e carente. O comovente é saber que o país passou por tudo isso, mas as pessoas são as mais simpáticas e bondosas que já vi até hoje. Quase não vimos pessoas pedindo dinheiro, mas há muitas pessoas vendendo todo o tipo de coisa e são bem insistentes, dá muita dó. Também tem crianças bem pequenas vendendo nas ruas e nos pontos turísticos, mas ao mesmo tempo tem placas pedindo que você não compre delas, pois incentiva para que elas não frequentem a escola. Também tem muitas pessoas que foram mutiladas pela guerra e pelas minas terrestres colocadas pelo exército do Khmer Vermelho. Como se tudo não fosse o bastante, essas minas não foram documentadas, então até hoje provocam tragédias pelo país.
Visto
O Camboja exige o visto para brasileiros. Mas é um processo bem simples e ele pode ser feito pelo site antes da viagem ou na chegada no país. Custa U$ 36 e é preciso preencher um formulário no site. Nós fizemos online, pagamos no cartão e evitamos uma fila gigante de uma excursão que chegou no mesmo horário que nós. O visto é de entrada única, vale por 3 meses e você pode ficar lá por 30 dias. Depois de preencher o formulário, o visto chega no seu e-mail em até três dias, o meu chegou no dia seguinte que eu preenchi. Aí é só imprimir a página e apresentar na imigração na sua chegada. 🙂
Moeda
A moeda do Camboja é o Riel, mas praticamente não é usada. A que é usada por lá é o dólar, mas o troco em centavos são dados em riel. Cada U$1 equivale a aproximadamente 4000 riéis, então você fica cheia de notas, mas no fim não dá quase nada. De maneira geral, é um país barato, com uma refeição em um bom restaurante custando não mais do que U$ 7 com bebida. Além das famosas cervejas por U$0,50 da Pub Street.
Língua
No Camboja se fala khmer, mas ao contrário da Tailândia (que achei que as pessoas não falavam muito inglês), aqui no Camboja todos se comunicam muito bem na língua, pelo menos em Siem Reap, que é super turística. O alfabeto também é diferente do nosso, mas em praticamente todo lugar tem em inglês também.
Siem Reap
Nossa cidade escolhida para estrear no Camboja foi Siem Reap, cidade no norte do país, conhecida por ter o maior monumento religioso do mundo, são mais de 30 templos no complexo de Angkor. A cidade tem um aeroporto pequeno, mas bonitinho e organizado. A economia gira principalmente em torno do turismo e fora o complexo de Angkor, tem museus, a vila flutuante e mercados para se conhecer. Nós ficamos 3 dias inteiros e achamos que foi suficiente para conhecer essas principais atrações. Vou fazendo posts separados sobre cada um dos passeios e atualizando nesse post. 🙂
A rua mais movimentada, especialmente a noite, é a Pub Street, que tem vários bares e restaurante e fica bem perto do mercado noturno. Fomos para lá todas as noites, para passear e jantar e também nos hospedamos ali pertinho.
Ainda que a cidade seja bem pobre, nos sentíamos super seguros para andar na rua, mesmo de noite. Perguntamos também no hotel e ela disse para não nos preocupar. Só cuide com os golpes, que como em toda cidade turística, existem. Nós acabamos contratando o tuk tuk e motorista do hotel para todos os passeios e não nos arrependemos. Preço bom e motorista super querido, nos levou por tudo.
Onde se hospedar em Siem Reap
Nos hospedamos no Rithy Rine Residence (amamos e recomendo, bom preço, bom atendimento e bem localizado). O hotel também fica em frente ao Angkor Night Market, que na minha opinião, foi o melhor mercado de Siem Reap, bem mais bonitinho e com mais opções de compras que os outros.
Em Siem Reap não tem transporte público e o principal meio de transporte é uma espécie de tuk tuk, mas puxado por uma moto. É super barato, mas tem muitos aproveitadores também. Nosso hotel oferecia transporte gratuito de e para o aeroporto, mas era um malabarismo colocar as malas nesses tuk tuks.
Em resumo, o pouco que conheci do Camboja me fizeram gostar muito desse país e suas pessoas. Queria poder ajudar todo mundo, ainda mais depois de conhecer mais sobre a história, não tem como não criar uma simpatia enorme por eles.
Nos próximos posts vou falar mais sobre nosso passeio pela cidade e especialmente pelo Angkor.
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Comments (7)
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1 de novembro de 2020 at 16:07[…] they killed my father – Loung Ung: Esse livro eu comprei no Museu da Guerra no Camboja e mexeu demais comigo. Até visitar o país, eu tinha pouquíssimo conhecimento sobre a Guerra que […]
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11 de agosto de 2018 at 20:56[…] Antes desse post, leia o Tudo o que você precisa saber antes de visitar o Camboja. […]
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