Kyoto fica localizada na região de Kansai e foi, de 794 a 1868 a capital do Japão – depois de Nara e antes de ser Tóquio. Hoje, são quase 1,5 milhão de pessoas morando na cidade.
Apesar de ter sofrido muita destruição com guerras, terremotos e incêncios ao longo dos séculos – a cidade foi inclusive considerada pelos Estados Unidos a receber o ataque da bomba atômica – Kyoto preserva muitas tradições e percebemos isso andando pelas ruas. Eram muitas ruazinhas estreitas com construções típicas, templos centenários, casas de chá (acabou não dando tempo de visitarmos uma dessa vez), muitas pessoas andando de kimono pelas ruas (a maioria delas turistas) e muitas gueishas e maikos pelas ruelas de Gion e Higashiyama.
Esse foi um dos nossos maiores desafios. Para 2020, tínhamos pego um hotel lindo, bem próximo da Estação de Kyoto (que acho que deve ser uma ótima região pra ficar). Mas quando fomos reservar novamente em 2022, estava um valor bem mais alto e decidimos procurar outro.
Acabamos ficando no Wayfarer Kyoto Shijo. A vantagem é além de ser um hotel bem bonitinho, achamos ele super espaçoso, com lugar para abrirmos as malas (acreditem, a maioria dos hoteis econômicos que ficamos não tinha esse espaço para as malas, rs). A desvantagem é que ele era mais afastado de tudo e sempre tínhamos que caminhar um pouquinho mais. E depois de andar muito durante o dia, isso acabava pesando um pouco.
Vou inclusive deixar uma opinião que pode ser bem impopular. Se você estiver com o seu JR Pass ativo, entre ficar poucos dias em Kyoto e poucos dias em Osaka, eu consideraria aumentar a estadia em Osaka (que os hotéis são mais em conta) e ir e voltar todos os dias para Kyoto. Nós sabíamos que as duas cidades eram próximas uma da outra, mas era ainda mais perto do que pensávamos – levamos cerca 10 minutos de trem-bala. No fim, levávamos mais tempo do que isso da estação de Kyoto até nosso hotel de trem e mais umas quatro quadras andando. Dá pra considerar se hospedar próximo de uma estação de trem-bala em Osaka e ficar lá, que tem boas hospedagens a preços mais acessíveis. Até porque, ficar trocando de hotel, com as malas etc, ficava bem cansativo.
De qualquer maneira, Kyoto é uma cidade bem bonita, histórica, tem uma energia super diferente de Osaka, então vou deixar aqui a listinha de hospedagens que eu tinha salvo de lá.
Wayfarer Kyoto Shijo (a que ficamos) – preço bom e espaçoso. Desvantagem: localização.
Imagine Kyoto – Lindo e bem localizado, nossa opção em 2020. Desvantagem: preço
Sanco Inn – boa localização e boa nota no Booking
Sakura Terrace – parece ser bem bonito e tem um onsen ao ar livre
Keihan Kyoto Grande – próximo da estação.
Chegamos em Kyoto pouco antes do meio dia, fomos direto pro hotel largar as malas e deixar o checkin feito. Como eu comentei que nosso hotel era mais afastado da Estação de Kyoto, levamos um tempinho nesse processo. No hotel pedimos indicação de um sushi de esteirinha (kaitensushi) pra irmos. O rapaz mostrou em um mapa, fomos a pé mas não achamos o lugar, haha. Ao invés disso, acabamos achando o Nishiki Market.
O Nishiki Market é um mercado local que começou como um mercado de peixes há 400 anos. Hoje é bem grande, considerado um dos melhores do Japão e tem barraquinhas de comidas, peixes, verduras, lembrancinhas. Um passeio bem legal em Kyoto e para nós, que estávamos com fome, deu pra enganar pegando umas comidinhas pelo caminho. (Lembre-se que os japoneses não comem andando. Eles compram e param na frente da barraquinha para comer. Quando acabam, descartam o lixo onde compraram a comida, colocam a máscara e só então continuam o passeio. Em Kyoto tinha inclusive sinalização lembrando ‘don’t walk while eating’.)
O Nishiki Market é enorme e funciona diariamente das 10h às 18h. Algumas lojas podem fechar nas quartas e domingos.
Saindo de lá, achamos um kaitensushi, não foi o sugerido pelo hotel e não achamos que tinha muita variedade, por isso não vou indicar aqui. E depois ainda paramos pra comer um bolo em um café da frente. Ou seja, primeiras horas em Kyoto já foram ótimas pra experimentar a gastronomia local, haha.
Andamos muito por Kyoto. Eu tinha vários pins marcados no mapa e íamos vendo o que tinha no caminho e foi muito legal ir conhecendo a cidade a pé.
Andamos, achamos uma grande porta aberta e entramos, em seguida fecharam (importante estar atento ao horário de fechamento dos lugares. No outono, quando fui, a maioria dos templos fechava entre 16h e 17h). Subimos umas escadarias e chegamos no lindo templo de Chionin. É um santuário budista e a entrada é gratuita.
Entramos por outro lugar e saímos pelos portões de Sanmon, uma entrada enorme e bonita, de madeira, do ano de 1600.
Aproveitamos que estávamos pertinho e fomos a pé até o parque Maruyama. Dizem que lá é lindo na florada das cereijeiras, mas eu fiquei encantada com o outono, as cores estava incríveis! Vou mostrar nas fotos, como Kyoto foi o lugar que a paisagem de outono mais se mostrou, as mais lindas e inesquecíveis foram aqui.
Caminhando mais um pouquinho, chegamos no templo Yasaka, também conhecido como o Templo Gion. É do ano de 1350. Uma parte com várias lanternas com o nome de comércios locais (que fizeram doações) é um dos pontos mais conhecidos.
Gion é um bairro noturno e conhecido por ser o bairro das geishas. Nós passamos muito cedo para ver a movimentação, tudo ainda estava bem parado, mas vimos algumas delas caminhando por lá. Esse bairro tem muitas casas de chás e restaurantes, inclusive dos mais caros. A área mais popular é a rua Hanami-koji da Avenida Shijo até o templo Kenninji. Outra área popular é a de Shirakawa, beirando o canal. O bairro também é conhecido pelas casas tradicionais. Nós já estávamos bem cansados e exploramos pouco essa região. Fomos indo a pé até o hotel (e era longe!). Nesse dia, jantamos em um restaurante ao lado do hotel, bem pequeno e pelo que percebemos, frequentado pelos locais. Comi um yakissoba 🙂
Acordamos cedinho, colocamos a próxima atração no Google Maps e fomos. Foi quase uma hora entre pegar o ônibus e o percurso e enfim chegamos na Floresta de Bambu de Arashiyama, que fica mais afastada do centro da cidade.
Esse local nada mais é do que um corredor de bambus muito altos. É um lugar diferente e especialmente de manhã, a luz que entra deixa o cenário ainda mais bonito. Chegamos cedo, antes das 9h da manhã e já estava relativamente cheio. Eu sempre li que esse é um passeio imperdível e na minha opinião, não é. Com poucos dias na cidade, como nós tivemos, vir até aqui e voltar levou quase que a manhã toda e eu não viria se soubesse o que esperar. Como eu disse, é lindo, mas com pouco tempo tem outros lugares diferentes para se conhecer na cidade. Pensamos em vir aqui no primeiro dia, logo após chegarmos, assim eliminávamos esse lugar mais longe, mas na hora mudamos de ideia, deu vontade de caminhar e ficar mais pela cidade mesmo. 🙂
Na saída tem algumas barraquinhas de comida, aproveitamos para comer porque não tínhamos tomado café da manhã, só pego uns cafés nas maquininhas. Eu pequei um dangô (bolinho de arroz glutinoso com molho de soja doce) e estava uma delícia, enganou até a hora do almoço.
Porém, se você tiver muitos dias ou tempo enquanto tiver nessa região, tem outros passeios que dá para fazer e aproveitar que veio até aqui. Tem o Templo Tenryudi (parece ser grande e muito bonito), o Parque Kameyama (é onde fica a floresta, mas vi imagens bonitas com um lago). Outro tempo que parece interessante e estava no nosso roteiro se desse tempo é o Otagi Nembutsu, o templo dos mil budas, mas ele não é muito perto para ir a pé, seria preciso pegar um táxi para chegar lá.
Colocamos novamente no Google Maps e pegamos as direções para chegar no Kinkaku-Ji, ou tempo do Pavilhão Dourado, que também fica mais afastado – mas longe da floresta de bambu. Um trem e um ônibus depois, chegamos!
Ah, importante falar pra você carregar contigo o JR Pass se ele estiver ativo. Em alguns trechos ele é aceito e você não precisa gastar comprando o bilhete. Em um desses trechos por exemplo, ele podia ser usado. Eu não tinha levado o meu e precisei pagar.
Chegamos no Kinkaku-Ji e estava MUITO lotado. Kyoto foi onde mais encontramos multidões nos pontos turísticos, ainda mais que em Tóquio. Estava em época de excursões escolares e em todos os lugares tinham muitos estudantes (mas li que em qualquer época estará cheio). Custou 400 ienes e é aberto das 9h às 17h. Esse templo e a paisagem ao redor dele são muito bonitas e mais uma vez a estação do ano fez diferença e deixou tudo ainda mais lindo. Esse sim valeu todo o deslocamento para chegar.
Não é possível entrar no pavilhão dourado, só ver de fora. Os dois andares superiores são realmente cobertos de folhas de ouro e tem uma fênix no topo. Essa construção não é original, uma vez que ele foi incendiado várias vezes, incluindo na Onin War, uma guerra civil que destruiu Kyoto. Em 1950 foi incendiada por um monge. A construção atual é do ano de 1955.
Caminhamos um pouco pelo parque, tem uma cascatinha pequena e um lugar para jogar moedinhas que é difícil acertar no potinho certo. Mas não ficamos muito porque estava realmente difícil de caminhar e estávamos com bastante fome.
Colocamos o Kyomizu Dera como próxima parada no Google Maps e deixamos para procurar um lugar para comer lá perto.
Chegamos lá perto de ônibus e antes de andarmos em direção ao templo, fomos procurar um restaurante. Acabamos indo em um quase em frente de onde o ônibus nos deixou, um lugar bem pequeno chamado NekoMakata (no vídeo aparece bem). Eu peguei um bowl de arroz com frango frito, mas tinha ramen, Udon… Lugar gostoso e barato, o meu custou 650 ienes (paguei no cartão global e deu menos de U$5).
Em seguida, pegamos a rua para chegar no Kyomizu Dera – e essa, junto com a Nakamise Dori em Tóquio foi o meu lugar preferido para comprar lembrancinhas, comidas e outras coisas típicas japonesas. É uma rua comprida em subida e estava lotada, mas fomos primeiro no templo (antes de fechar) e depois descemos com calma entrando nas lojinhas que queríamos.
O Kiomizu Dera significa templo da água pura e é um dos mais famosos de Kyoto. O templo foi erguido ano anos de 778, sua estrutura tem mais de 400 anos de idade e construída sem usar um único prego. Tem esse nome em homenagem à uma cachoeira que passa nesse local. Pagamos 400 ienes para entrar e assim como nos outros, estava LOTADO (olha no vídeo no final do post). Mas ainda assim, é lindo! Eu não canso de dizer o quanto amamos estar lá no outono, as cores das árvores ficam muito impressionantes.
É possível beber a água da cachoeira Otowa, considerada sagrada, fica na parte de baixo do templo, quando você se encaminha para a saída. Tem três tipos de água e acredita-se que cada uma dá uma coisa diferente: sucesso, vida longa ou vida amorosa, mas você não pode beber as três para não dar o efeito reverso. A fila estava enorme, aí não quisemos esperar.
O Starbucks mais diferente que eu já visitei, ele fica dentro de uma construção tipicamente japonesa. Lá tem várias salinhas onde precisa tirar os calçados e sentar nos tatamis. Vale a visita – mostro um pouquinho no vídeo no final do post, ou aqui no link.
Se você quiser ver mais templos, ali pertinho ficam outros dois: Ryozen Kannon (do Buda gigante) e Kodai-ji que parece ser bonito. Quando chegamos os dois já tinham fechado e vimos só por fora.
Passamos pela Pagoda Yasaka que também é ali perto. Essa pagoda de 5 andares é um dos cartões postais de Kyoto. Você pode vê-la de vários lados da rua.
Esse dia rendeu né? Voltamos a pé para o hotel, parando nas lojinhas. No caminho paramos em uma kombini (as lojas de conveniência) e compramos oniguiris e obentô para jantar no hotel e aproveitar as máquinas deles para lavar roupas.
Começamos mais um dia cedinho, tínhamos dois objetivos: o templo Fushimi Inari e ir para Nara. O templo fica mais ao sul da cidade e Nara também, por isso escolhemos deixar os dois para o mesmo dia.
Para chegar lá, usamos novamente nosso JR e pegamos a linha Nara. O templo fica logo na saída da estação.
Esse templo é conhecido como o templo dos 10 mil toriis. Ele é xintoísta dedicado à Inari, o Deus da colheita do arroz e tem as estátuas de raposa espalhadas porque elas seriam as mensageiras de Inari. É um corredor imenso de toriis que formam uma trilha que leva ao Monte Sagrado de Inari. No início da trilha estará bem cheio, mas conforme você caminha, a multidão vai dispersando. Nós fizemos cerca de 1/3 do caminho e caminhamos bastante. Tem várias saídas ao longo do caminho para que você não precise voltar pelo meio dos toriis. Do lado de trás deles tem inscrições que são os nomes de pessoas e empresas que fizeram doações ao templo (variam entre 400 mil a 1 milhão de ienes).
De lá, pegamos a mesma linha de trem (e a mesma direção) que fizemos para chegar até aqui, a linha Nara.
Nara foi a primeira capital do Japão, entre os anos de 710 e 784. É uma cidade com muita história e muitos templos e você pode chegar lá indo tanto por Kyoto quanto por Osaka, tem praticamente a mesma distância. Saindo do templo de Inari até aqui levamos cerca de 40 minutos.
Chegando lá, descemos na estação e achamos um supermercado grande e passeamos por lá. Pelo nosso caminho era raro encontrarmos supermercados maiores assim. Já me reabasteci de lanchinhos para deixar na mochila.
Nosso objetivo aqui era ver de perto os cervos japoneses e pra isso queríamos chegar no Parque Nara. Você pode pegar a linha 2 ou alguma rota sugerida pelo Google Maps ou ir a pé, como fizemos. Leva cerca de 20 minutos e é um caminho por uma rua cheia de lojas, é uma caminhada tranquila e agradável.
Diz a lenda que um Deus chegou à cidade montado em um cervo branco para proteger o local. Por isso, acredita-se que esses cervos são animais sagrados que protegem o país. Eles são pequenos, mais de 1200 que andam livres pelas ruas de Nara. No início eu fiquei com um pouco de medo, mas eles são extremamente dóceis. Tinham algumas barraquinhas vendendo uns biscoitinhos que eles podem comer (e só isso, não alimente com outras comidas). Custa 200 ienes um pacotinho, mas eles vem em você na curiosidade. Vi umas pessoas com as bolachinhas e eles vão atrás mesmo, em bando, haha.
O parque é enorme e estava um dia bonito e sem multidões, então passeamos um pouquinho por lá. Como falei acima, a cidade tem muitos templos, mas nesse dias estávamos cansados e sem disposição para ir neles, queríamos andar mais sem compromisso mesmo.
Passamos na frente desse templo e caminhamos pelos arredores, por fora. Essa região estava mais cheia do que no parque (mas esse templo fica praticamente dentro do parque, acaba sendo caminho para voltar). Paramos em mais umas barraquinhas de rua pra comprar umas comidinhas, mas estávamos procurando um lugar pra almoçar.
O templo Todai-ji é conhecido e também fica ali perto, quase ao lado do Parque Nara, mas nós não fomos.
Eu tinha vontade de ir nesse templo chamado Horyuji porque ele é o que inspirou a pagoda que tem no pavilhão do Japão no Epcot, na Disney. Mas ele ficava muito afastado, mesmo de carro levaria cerca de meia hora, então descartei a ideia. Mas fica aqui a dica caso você tenha tempo para chegar até lá.
Almoçamos no Coco, uma rede de karê, aquele molho apimentado de curry com arroz. Estava bem picante, mas eu prefiro o que minha mãe faz, haha. Depois do almoço (que foi bem tarde, passava das 15h eu acho), voltamos para Kyoto.
Assim que chegamos em Kyoto, avistamos a Kyoto Tower e decidimos subir. Ela fica ao lado da estação, fomos a pé e custou 800 ienes. Sobe até 100 metros de altura e vimos a cidade com o sol se pondo. Lá tem vários binóculos para ver pontos de interesse pela cidade, achei que valeu a pena.
Descemos, caminhamos pelos arredores e aproveitamos para passear em uma Yodobashi, Uniqlo e um shopping que tinha perto. Jantamos em um restaurante por ali que não lembro o nome e não era espetacular, haha.
Todos esses passeios estavam no nosso roteiro, mas como faltou tempo ou ficaria corrido, não fomos. Caso você tenha mais tempo, vou deixar as sugestões:
Tem a playlist da viagem saindo toda semana lá no Youtube – inscreva-se no canal 🙂
Dicas e informações para organizar sua viagem.
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