Depois de Osaka, pegamos um trem de manhã com destino a Hiroshima. Chovia em Osaka e decidimos descansar um pouco mais. A viagem de trem-bala levou cerca de 2 horas com o nosso JR Pass.
Hiroshima foi relativamente fácil decidir onde ficar. Ficamos cerca de 25 minutos a pé do Parque da Paz, mas a duas quadras da Estação de Hiroshima, no hotel APA. É um hotel padrão de uma rede conhecida por lá, o quarto era pequeno, mas bom e com tudo o que precisávamos. Tem um restaurante de okonomiyaki no térreo que fomos um dia e também uma Lawson onde pegávamos nossos cafés da manhã express. Na esquina tem um 7/Eleven e dois shopping na frente. A Estação de Hiroshima ficava a uns cinco minutos a pé do hotel. Como íamos no parque só um dia, para nós ficar perto da Estação fez mais sentido, já que passaríamos por lá na chegada, saída e no bate-volta de Miyajima.
Vou deixar aqui algumas hospedagens que estavam na minha lista de favoritos:
APA Hotel Hiroshima Ekimae-Ohashi: o que nós ficamos, bem perto da Estação de Hiroshima
The Knot Hiroshima – bem pertinho do Parque da Paz
Mitsui Garden Hotel Hiroshima – hotel lindo, perto do parque. Era nossa primeira opção, mas trocamos pelo APA que estava bem mais barato e mais perto da Estação.
Sotetsu Fresa Inn Hiroshima – Mais perto da Estação de Hiroshima e próximo dos shoppings.
Chegamos em Hiroshima por volta das 13h, fomos no hotel deixar as malas e a verdade é que estávamos bem cansados nessa altura da viagem. Fomos procurar um lugar pra comer e já era quase 14h, por isso os restaurantes na rua da região já estavam fechados e decidimos ir para um dos shoppings na frente. O shopping era enorme, no fim acabamos ficando lá até o final do dia. No subsolo tinha um supermercado e uma Seria, loja onde tudo custa 100 ienes. Aproveitei e comprei o restante das coisas que queria trazer para o Brasil, porque nossa ideia era despachar a mala por Ta-Q-Bin aqui em Hiroshima.
Eu queria ir no Shukkeien Garden, que não ficava muito longe. É um jardim do ano de 1620, parece ser lindo, especialmente porque estávamos no outono. Custa 260 ienes pra entrar. Mas como anoitecia cedo e não saímos do shopping antes das 16h, acabou não dando tempo. Esse jardim também funcionou como hospital de campanha após o ataque à bomba na cidade.
Compramos algumas comidas pra jantar no hotel – no subsolo também tinham vários quiosques de venda de obentô e etc e fomos embora cedo pra descansar.
Acordamos cedo e bem dispostos em um dia lindo pra conhecer a cidade. Pegamos um café e um lanche na Lawson do térreo do hotel e saímos em direção ao Castelo de Hiroshima.
O Castelo de Hiroshima foi construído em 1589 em uma demonstração de poder na disputa de clãs familiares (isso que entendi, bem resumidamente na visita ao museu, haha). Em 1894 também foi a sede provisória do Imperador Meiji durante a guerra Sino-Japonesa. Mas essa é uma réplica de 1958, baseada em fotos e ilustrações, já que o Castelo original, assim como quase tudo na cidade, foi destruído pela bomba atômica.
Ele funciona das 9h às 18h e custa 370 ienes. Dentro funciona como um museu contando a história do Castelo e dos costumes da época. Não pode tirar fotos nem filmar.
Em seguida fomos caminhando até o Parque da Paz de Hiroshima.
Mas antes, vou contextualizar (bem resumidamente) a história. Pra saber mais a fundo, tem muita informação na internet, como essa matéria da National Geographic. Mas me impressionou muito como lá no Museu aprendi sobre fatos que nunca foram me ensinados na escola.
No dia 6 de agosto de 1945, às 8h15 da manhã, durante a Segunda Guerra Mundial, Hiroshima sofreu o primeiro ataque de bomba atômica da história mundial. A bomba, lançada pelos Estados Unidos explodiu a 600 metros do solo e matou mais de 160 mil pessoas até o final daquele ano. Ao longo dos anos e décadas seguintes outras milhares de pessoas morreram por doenças em consequência dos efeitos da radiação, como câncer. Como o Japão não se rendeu, dois dias depois lançaram outra bomba em Nagasaki. É uma das maiores tragédias da nossa história recente.
Os Estados Unidos tinham uma lista de cidades que poderiam ser atacadas (e é triste ler a frieza disso, como ter um terreno que facilitasse que a bomba causasse o maior estrago possível). Dentro desses ‘requisitos’ Hiroshima era a que estava com o clima mais favorável no dia e por isso foi a escolhida.
O primeiro monumento da tragédia que vimos logo que entramos no parque foi o A-bomb Dome. Na época era um prédio comercial público que ficava a cerca de 160m do hipocentro da explosão e foi uma das únicas construções da cidade a se manter de pé depois da explosão. Por muitos anos houve uma divisão de opiniões da população sobre manter essa estrutura por lá, por ser lembrança de um episódio tão dolorido. Hoje é Patrimônio da Humanidade como testemunha histórica dos horrores da Guerra.
Momumento dedicado aos estudantes que lutaram na Guerra e aos que morreram no ataque.
Memorial dedicado às crianças e especialmente à Sadako Sasaki. Sadako tinha dois anos no dia do ataque e dez anos depois, aos 12, morreu de leucemia em consequência da radiação. Acreditava que se dobrasse mil passarinhos tsurus de origami seria curada. Ela terminou os mil e dobrou mais 300 antes de morrer pedindo prosperidade aos negócios do pai. Sua história rodou o mundo, seus colegas se mobilizaram para construir um monumento em sua homenagem, que teve doação de 9 países. Ao redor tem dobraduras recebidas do mundo todo pedindo paz.
A Chama da Paz foi acesa em 1964 e só será apagada quando não houver mais ameaça de arma nuclear no mundo.
Um cenotáfio é um monumento dedicado à uma pessoa (ou um grupo de pessoas) que não estão enterradas ali. Nesse, está escrito “Descansem em paz, para que os erros não seja jamais repetidos.”.
O A-bomb-Dome, a Chama da Paz, o Cenotáfio e o Museu estão perfeitamente alinhados em linha reta.
Provavelmente o Museu mais triste e mais impactante que já visitei. Eu não fazia ideia que se tinham tantos registros do dia da explosão. Eram fotos e ilustrações pesadíssimas. Também é possível ver muitos objetos destruídos pelo poder da bomba e ler centenas de histórias das pessoas donas daqueles objetos.
O que mais me impactou é o pedaço de uma escada onde dá pra ver uma sombra. Essa sombra é uma pessoa que simplesmente evaporou com a explosão. É triste e quase inacreditável.
Além disso, o museu fala sobre o contexto japonês antes e depois da bomba. Tem uma outra sessão falando sobre a Guerra, sobre armas nucleares. Inclusive nessa parte tem uma carta de cientistas (incluindo Einstein) para Franklin Roosevelt alertando e pedindo uma pesquisa sobre a existência de uma arma atômica de alto poder de destruição. Essa carta foi enviada alguns anos antes do ataque.
Mostra o contexto atual do mundo em relação às armas nucleares e os desejos da cidade de ser uma cidade de paz. Tem uma carta declaração de paz do prefeito de Hiroshima divulgada no último dia 8 de agosto, data que marcou os 77 anos do ataque.
A entrada custa 200 ienes.
Esse é um memorial com os desejos de paz genuína e duradoura. É uma construção muito bonita e de certa forma, triste. Tem uma parte com 160 mil azulejos que representam as vítimas até o final de 1945. Uma outra parte com uma escultura que representa um relógio marcando 8h15 e ao redor uma água como um chafariz. Quando fomos não tinha ninguém lá além de nós e o silêncio absoluto só com o som da água deixou tudo bem emocionante.
O hipocentro da explosão fica fora do parque e pelo que vi, é marcado apenas por uma placa na frente. Nós não fomos lá ver.
No final do dia e quase anoitecendo, entramos na rua Hon Dori em uma das saídas do parque. Essa é uma rua coberta cheia de lojas que me lembrou muito a de Osaka. Tem farmácias, restaurantes e lojas de todos os tipos, andamos muitos quarteirões por dentro dela até sair em frente um Shopping Parco. Aproveitamos e fomos na Daiso também, comprar mais coisas pra colocar na mala.
Jantamos em um restaurante de Okonomiyaki que fica no térreo do térreo do nosso hotel. Okonomiyaki é uma comida típica japonesa que parece um omelete/panqueca com várias coisas, dependendo da região. Em Hiroshima a particularidade é que tem macarrão e eu amei. Outra coisa que amei nesse restaurante é que ele é todo temático no Hiroshima Toyo Carps, o time de baseball da cidade. Esse time foi fundado pela população em 1959 como forma de melhorar os ânimos na cidade. Hoje pertence a um dos donos da Mazda (marca de carros que fica em Hiroshima). E é muito legal que existem muitos produtos em lojas e supermercados com a marca do time. 🙂
No meu terceiro dia em Hiroshima, fizemos (eu e minha tia) um bate-volta até a Ilha sagrada de Miyajima. O post completo sobre Miyajima está aqui. 🙂
Meus pais e minha irmã foram para Naoshima, outra ilha mais longe e conhecida pelas obras de arte. Pedi que ela fizesse um post contando mais detalhes, é só clicar no link 😉
Na volta, almoçamos na Estação de Hiroshima um yakiniku (o churrasquinho japonês) e foi uma experiência bem legal, adoramos.
O resto do dia passamos no shopping procurando uma mala/sacola pra colocar as coisas que ficariam conosco no final da viagem, nos informando sobre o Ta-Q-Bin e organizando as malas para despacharmos direto para o aeroporto de Narita. Já já tem um post contando tudo sobre como fazer isso.
Se você tiver mais tempo na cidade e interesse, é possível fazer uma visita guiada à Mazda, fabricante de carros. Mas precisa fazer reserva no site e o tour é só em japonês até a presente data.
Eu amei muito Hiroshima e espero poder voltar um dia. E apesar desse passado trágico e triste, a cidade não carrega nenhum clima pesado, pelo contrário. É um lugar tranquilo, pacífico e que mostra o seu poder de recuperação. É visível o enorme esforço feito para que o ataque da bomba atômica e suas vítimas não seja m esquecidos, o desejo de paz mundial e a campanha para a eliminação de armas nucleares. É uma aula de história ao vivo. Inclusive pensei muito nisso, porque andando no museu, nas partes sem janelas você quase esquece que está onde tudo aconteceu. Aí passa por um corredor com uma janela grande, olha pra fora e se dá conta que tudo o que está vendo ali dentro aconteceu exatamente nesse lugar. Essa foto eu tirei enquanto pensava sobre isso:
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